domingo, 11 de maio de 2014

MARIA ALVES CABRAL

                                                                         
Maria Cabral com a sobrinha, Keytha, em 1951

F 2 - MARIA ALVES CABRAL, primeira filha mulher do casal Pedro Alves Cabral e Antônia Neri Cabral. Nasceu no Sítio Riacho do Meio, em Pau dos Ferros, em 15 de janeiro de 1904, faleceu em 1º. de setembro de 2002, em Mossoró. Viveu 98 anos, sete meses e 16 dias. Como filha mais velha, coube a Maria ajudar a mãe nos afazeres do lar e ajudar a criar os irmãos mais novos, bem como foi a primeira professora deles. 
        Por intermédio de Pedro Cabral, Maria morou ainda moça em Mossoró na casa de Ezequiel Fernandes, à época que Lampião esteve na cidade, Maria foi talvez a única mulher a ter participação efetiva no embate, pois atendendo pedido do irmão mais velho, Chico Cabral, costurou os bornais usados pela população local, portanto, foi  testemunha ocular do sufoco que a população passou por causa do rei do cangaço. Por esse motivo, Maria Cabral foi motivo de reportagem no jornal O Mossoroense, em 2002, momento em que deu entrevista aos noventa e oito anos de idade, ao repórter Cristiano Rojer, sobre aquele 13 de junho de 1927.
          Maria namorou um rapaz velho, solteiro, Eliseu Jácome, seu primo, filho de uma irmã de Antônia Cabral. Eliseu era vaidoso, usava cordão de ouro, grosso, tinha fazenda e terras, vivia da agricultura e plantava algodão. Morreu antes dos quarenta anos de idade, vitima de uma queda de cavalo. Passou dez dias com muita dor, sofreu bastante até morrer.
         Maria casou-se com o vaqueiro, Manoel Alves de Sousa, que nasceu em 12 de abril de 1907 e faleceu em 2 de dezembro de 1945, aos trinta e oito anos de idade, deixando Maria viúva com quarenta e um anos de idade, com quatro filhos, o mais velho com apenas dez anos.
          A certidão de casamento do casal é escrita à mão e foi emitida pelo cartório de Pau dos Ferros. Nessa certidão, Manoel está registrado como Manoel Alves da Silva, nascido em Encanto, então município de Pau dos Ferros, filho de Vicente Alves da Silva e Mariana Francisca do Carmo.
         Manoel era uma pessoa simples, bom para casa e a esposa. O casal migrou para Mossoró provavelmente em 1939, e foram morar na Fazenda São Pedro, no Riacho Grande. De início, Manoel trabalhou na fazenda do sogro, tanto na agricultura como nos currais, tratando do gado.
          Manoel gostava de festas, de dançar forró e, sempre que podia, levava Maria, que não gostava de dançar e o liberava para as festas. Homem da inteira confiança de Pedro Cabral, às vezes levava as irmãs de Maria para os forrós. Uma vez veio pegar Inalda em Mossoró para um baile na fazenda de Prego Dourado, próximo do Riacho Grande. Inalda estudava no colégio das irmãs e tinha uns dezesseis anos de idade quando viajou com o cunhado na garupa do cavalo. Para os bailes no Riacho Grande iam sempre de carroça: Inalda, Adelzira, Guió, Chiquinha e Odílio. Antes, porém, Pedro e Antônia tinham uma conversa no quarto com os filhos, quando recomendavam para não saírem da festa, não dançarem o tempo inteiro com a mesma pessoa e que se comportassem como se tivessem em casa.  
         Em Mossoró, Manoel passou a trabalhar como carpinteiro numa empresa de um português, depois trabalhou com madeiramento de casas, até que Pedro Cabral conversando com Luis Paula, este lhe confidenciou que estava à procura de alguém de confiança para sua Fazenda São Luis, em Alagoinha, zona rural de Mossoró. Logo Pedro Cabral indicou o genro, que trabalhou nesta fazenda até seu falecimento. Era véspera de eleição quando Manoel conduzia uma boiada para Mossoró e um boi foge, saindo Manoel atrás, entrando num matagal e, como demorou a retornar, outro vaqueiro foi em seu auxilio e o encontrou ao chão, com uma chifrada do boi na altura da virilha. Foi trazido para Mossoró com vida, para o Hospital de Caridade, vindo a óbito com quatro dias. O sogro lhe fez companhia durante toda a enfermidade. Odílio lembrou que era véspera de eleição, que Manoel ficou aos cuidados dos médicos Chico Duarte e Tarcísio Maia.
        Odílio estava no hospital quando Manoel começou a delirar na cama, ficava narrando uma vaquejada, falava na derrubada do boi. “Meu pai vendo aquilo começou a dizer que Manoel não rezava, que não tinha Deus, que Maria não havia o ensinado a rezar e me chamou para rezar. Logo após a reza Manoel faleceu, de tétano, após uns cinco dias de internação. O enterro foi no dia de eleição para senador e deputado federal, em 2 de dezembro de 1945. De Mossoró, foi eleito apenas Mota Neto, para deputado federal.     
        Odílo lembrou também que na véspera dessa última viagem de Manoel Alves, Maria Cabral havia sonhado com um acidente, no qual ele morria e que ainda tentou demovê-lo da ideia da viagem, mas ele não atendeu aos apelos da esposa.
        Quando Maria ficou viúva passou mais de um ano na casa dos pais com os quatro filhos, até adquirir uma casa simples, num enorme terreno na Rua Silva Jardim, com a ajuda do pai, que montou um curral no terreno e deixou uma vaca para Maria sustentar sua família.
        Segundo os filhos, a mãe era severa na criação deles. Estelina gostava de andar descalça e Maria ameaçava pregar os seus pés nos tamancos. “Ela era de uma época em que quando tinha visita mandava os filhos se retirar da sala para ficarem a vontade”, conta Estelina. “Somos de uma geração que a gente era muito apegado aos avós, no nosso caso, os avós maternos”, continua.
         Maria Cabral praticamente criou os filhos sozinha tendo eles recebido uma educação rígida, mas tudo com amor e carinho: “Deixava de comprar as coisas para si para dar aos filhos, por isso todos tiveram a obrigação de ser bons para ela”, disse Estelina.   
         A família Cabral ajudou muito Maria quando ela ficou viúva, aos 41 anos, com tantos filhos. Só que Maria, por talvez ser a filha mais velha, sempre era solicitada para situações  difíceis, principalmente doença na família, isso irritava o Estelina, que era criança e, muitas vezes, ficou sozinha em casa para Maria dormir na casa de um parente enfermo. “Sempre foi tola, não sabia dizer um não, aceitava tudo. Eu sempre dizia para ela, chamava a atenção para isso, mas ela continuava servindo. Ainda ajudava em casa, costurava para fora. A irmandade lhe ajudou muito. Pois todos lhe retribuíram a atenção quando precisou. Sentiu-se compensada. Na minha cabeça, eu ficava chateada porque só davam a ela pelo seu trabalho, nada era de graça”, confessa Estelina.  
          
                                                                             
Maria Cabral  


                                                                           
Maria Cabral com a mãe, Antônia na casa de Inalda

                        Maria Cabral e Manoel Alves tiveram quatro filhos:
                                                      
Maria com a nora, Mirian, e os quatro filhos: Segundo, Osmina, Estelina e Canindeh Alves.


  Canindé, Pedro Segundo, Osmina e Estelina



Canindeh Alves
                                                                           
N. FRANCISCO ALVES DE SOUZA, o Canindeh Alves, nasceu em Pau dos Ferros, em 16 de agosto de 1935. Canindé foi uma criança magra e teve febre amarela, então, sua mãe Maria apegou-se a São Francisco Canindé e fez uma promessa que, se a criança fosse curada, passaria a se chamar Canindé, o que aconteceu e, adulto, adicionou o h e supriu o acento agudo, passando a assinar Canindeh.  Por volta de 1938, Canindeh veio com os pais para Mossoró, para acompanhar aquele que ele chamava de Comandante Chefe, Pedro Cabral, seu avô paterno. 
           Quando o pai faleceu, Canindeh tinha apenas dez anos de idade e, como primogênito, logo passou a trabalhar no pesado, para ajudar com as despesas da casa. Ele carregava água de jumento, do rio Mossoró, para vender nas casas, numa Mossoró que não tinha água encanada e não contava com poços. Devido a uma amizade que tinha com um jornaleiro, Luiz, com quem comentou que queria conseguir um emprego. E este respondeu que deveria falar com Jorge Pinto, proprietário do Cine Pax.  Canindeh tinha de treze e a ajuda veio do avô, Pedro Cabral, que todo domingo fazia a feira no Mercado Central e encontrava Jorge Pinto. O avô falou sobre o neto e Jorge Pinto conseguiu um emprego de faxineiro. “Com uns seis meses eu aprendi a colocar e tirar filme no projetor. Um dia despediram o funcionário  e assumi o posto. Com um ano fui encarregado de falar no microfone anunciando o filme. Jorge Pinto deu a oportunidade e me motivou a ir em frente”, disse Canindeh.
           Ocupou o posto de locutor, que acumulou com o de operador, mas só queria saber de locução. Um dia se ofereceu para fazer locução  num parque de diversões  nas horas de folga. Empolgou-se e, já locutor do amplificar, começou a ser motivado para ser locutor da Radio Tapuyo. Como vivia treinando em casa, lendo textos, candidatou-se a uma vaga. Esse foi o inicio de uma carreira brilhante que entrou para a história do radiojornalismo mossoroense, tendo atuado até o fim da sua vida, com mais de cinquenta anos de atividades, com passagem pelo radio carioca.    
           Tinha vinte anos quando assumiu a Semana em Revista, um programa aos domingos das 18 às 19 horas, era o resumo dos acontecimentos da cidade. “Eu tremia como vara verde. Nervoso, tornei-me locutor oficial”, lembrou Canindeh. Na sequência, passou a ser locutor comercial, disque jóquei, redator, locutor-noticiarista e se especializou em reportagem política. Chegou a diretor-artistico durante longo tempo.
           Em janeiro de 1973, pediu uma licença sem remuneração e foi trabalhar no Rio de Janeiro.  Achava que no Rio teria um emprego melhor. Conseguiu emprego na Radio Mauá e passou a apresentar o programa Chapéu de Couro, Chapéu de Palha, que apresentou durante dois anos, nas madrugadas de domingo, das 4 às 8 horas.
           Canindeh veio passear em Mossoró e levar a família, quando recebeu  convite do então prefeito, Dix-huit Rosado para dirigir a Rádio Tapuyo. Convite aceito, Canindeh ficou dez anos na direção geral da rádio. Acumulou o cargo como assessor de imprensa da Prefeitura Municipal de Mossoró nas gestões de Dix-huit e de João Newton da Escóssia. Como radialista, Canideh teve a oportunidade de entrevistar os presidentes da República, Médici e João Batista Figueiredo. 


                                           Canindeh Alves atuando

           No início dos anos 1980, Canindeh pediu demissão da rádio e abriu a primeira agência de publicidade de Mossoró, a Vanusa Publicidade, e assumiu a direção da Rádio Liberdade, a convite de Milton Marques de Medeiros, onde permaneceu por oito anos. Ali, ele apresentava aos domingos, das 6 às 9 horas, o programa Chapéu de Couro, Chapéu de Palha. Um bom filho, todo domingo visitava a mãe, Maria Cabral, em quanto ela viveu.  
           Na Rádio Tapuyo, Canindeh conheceu e se apaixonou por Ivanilda Linhares, noticiarista e locutora comercial. Ele ainda era um rapaz que sonhava com a locução, mas já transitava pelos corredores da rádio para vê-la. Em 2007, Ivanilda assim disse sobre isso: “Conheci Canindeh na Radio Tapuyo, eu tinha um programa e trabalhava na parte financeira e administrativa, em frente a minha sala havia uma escada e ele ficava olhando para mim. E eu reclamava que aquele menino do Pax ficava todo tempo olhando para mim. Um dia, chamei Souza Luz e reclamei, então ele disse: ‘Eu sou seu fã’. A partir dai, a gente fez amizade, ele foi trabalhar na rádio, depois de muito tempo começamos a namorar. Eu achava que ele daria um bom radialista, gostava da voz dele, ele lia direitinho, eu confiava nisso e foi realmente o que aconteceu. Vamos fazer quarenta e sete anos de casados, é claro que nós temos aborrecimentos, mas até hoje nunca brigamos”.   
Canindeh e Ivanilda casaram-se em 13 de novembro de 1960. Maria Ivanilda Linhares de Souza, era natural de Caraúbas, filha de ................................ e ............................ Faleceu em

O Mossoroense registra o falecimento de Ivanilda Linhares:


           O irmão caçula de Canindeh contou no programa Mossoró de Todos os Tempos, que no tempo em que a rádio produzia radionovelas, Canindeh atuou nelas: “Canindeh trabalhou de artista de novela, na época não havia televisão e ele seguiu a vida toda no radialismo. Fomos criados sem pai e Canindeh era o cabeça da casa, pegou pesado com meu avô, sempre dava bons exemplos, aconselhava-me, dizia para ter cuidado na vida, para não fazer algo errado, isso ele se preocupava bastante, não por ser meu irmão, mas sempre foi uma pessoa bacana, foi um batalhador, naquele tempo tudo era difícil em Mossoró, naquele tempo era fechado para ser o que ele foi”. 
           Viúvo, Canindeh faleceu em .21 de abril de 2012, aos setenta e cinco anos de idade, como o locutor que mais permaneceu no ar na história de Mossoró. Mossoró ganhou um nome de rua em sua homenagem, a Rua Radialista Canindé Alves, no bairro Santa Júlia.
           Canindeh e Ivanilda tiveram cinco filhos:

           B. Francisco Alves de Sousa Junior - faleceu com um ano e nove meses, de doença  de calazar.

B.   Francisco Linhares Neto, casado com Antônia Magneide Barbosa Linhares, natural de Grossos, filha de.............................. e ...........................................

O casal tem um filho:

               T. Luiz Henrique Barbosa Linhares        

               B. Ivana Maria Linhares de Sousa, nasceu em 26 de maio de 1965. Engenheira agrônoma e estudante de Psicologia.  
         
               Depoimento de Ivana:
                “Meu nome é Ivana, sou filha de Canindeh Alves e Ivanilda Linhares. Não tive a oportunidade de conhecer meu avô e bisavô paterno, mas tive a felicidade de conhecer minha bisavó paterna, Mãe Toinha. Felizmente, convivi durante muitos anos com meus avós maternos e com minha avó paterna, Maria Cabral. Vovó Maria, mãe do meu pai, perdeu o marido cedo e com firmeza e determinação conseguiu educar seus quatro filhos da melhor maneira possível, passando lições de honestidade e respeito. Lembro perfeitamente dos meus domingos de infância na casa dela. Eram sagrados e sempre uma festa, pois minhas primas moravam do lado e a gente fazia muita bagunça. Meus pais escolheram Adelzira e Juca Freire para meus padrinhos e isso sempre foi motivo de orgulho para mim. Madrinha Adelzira foi uma das pessoas mais doces que conheci. Sempre educada, voz mansa e um olhar que era carinho puro. Meu padrinho Juca era tranquilo, uma pessoa voltada para família. A história de vida de meu pai e minha mãe também é algo admirável. Ele, ainda jovem, devido à morte prematura do pai, teve que assumir junto a sua mãe, a responsabilidade de criar os irmãos mais novos. Embora não tenha tido a oportunidade de estudar como merecia, com força de vontade, persistência e objetividade, alcançou bons resultados naquilo a que se propôs. Minha mãe, foi criada de maneira rígida, formou-se na Escola Normal de Mossoró. Era uma mulher extremamente determinada e enfrentava tudo com vontade de vencer. Foi a pessoa mais generosa que conheci. Não media esforços para ajudar o próximo. Juntos, por mais de quarenta e oito anos, construíram uma família unida, mostrando que o respeito e honestidade devem ser base de todo e qualquer relacionamento entre as pessoas. Meus pais viveram uma bela história de amor e é ótimo ter nascido fazendo parte disso. Sou formada em Agronomia. Creio que nasci com esse amor pelo trabalho no meio rural. Tanto pelo lado materno - pois meu avô era fazendeiro e tinha vontade que meu tio Catão fosse agrônomo - quanto pelo lado paterno, já que meu avô Manoel era vaqueiro. Amo o que faço. Formei-me pela antiga ESAM – Escola Superior de Agronomia de Mossoró - hoje UFERSA – Universidade Federal do Semi-Árido. Comecei a minha vida profissional na extinta MAISA – Mossoró Agro Industrial S.A - uma escola para mim. Essa empresa foi um verdadeiro marco na história de nossa região, pela exportação de frutas, sucos e castanha. Continuo trabalhando com exportação de frutas. Esse é um pequeno resumo de vida de uma descendente de Pedro Alves Cabral.


               B. Maria de Fátima Linhares de Sousa Oliveira, graduada em Ciências  
                   Sociais, pela UERN, em Mossoró, casada com Ranieri Kleber 
                   de Oliveira, natural de ......................., filho de ..............e ................
                  
                   O casal tem dois filhos:  
                   T. Gabriel Kébler de Oliveira, nascido em
                   T. Maria Fernanda, nascida em .... 

               B. Vanusa Linhares de Sousa Pereira, assistente social, casada com 
                    Euzamar Pereira Junior, natural de ..................., filho de ....................
                    e ..................
                   
                    O casal tem um filho:
                    T. Thales Linhares Pereira de Sousa, advogado, nascido em ....   

                                                                                
Maria Cabral com Canindeh Alves, Estelina e Osmina


           N. MARIA ESTELINA ALVES DE SOUSA - nasceu em janeiro de 1938, no Riacho Grande.
          Em casa começou a trabalhar nas tarefas domésticos. Sempre ligada as letras, começou a ajudar a tia Guiomar, que ensinava particular em casa, na Rua Frei Miguelinho, corrigindo caderno. Como morava ao lado da Escola Moreira Dias, aprendeu a fazer trabalhos manuais como costurar e bordar. Começou a substituir professores, como professora leiga. Passando a ser funcionária do município, professora leiga á noite em casa. Foi nomeada pelo Governo do Estado, como professora na Escola Estadual Presidente Kennedy.
          Canindeh conseguiu um emprego para ela na loja A Magestosa, que vendia calçados e artigos para esportes, pertencente a Décio Barbosa. Achando-se tímida, aprendeu a despachar os fregueses com outros vendedores. Com dois anos deixou porque não estava mais querendo trabalhar no comércio.
          Passou a costurar e bordar para fora, durante o dia e a noite lecionava, como ganhava pouco, quis voltar para o comércio após um ano afastada. Soube que tinha uma vaga na loja A Carioca, onde se apresentou e passando por uma fase de experiência ficou mais de quinze anos.
           Na loja entrava pontualmente às 7 e ia até 11 horas, e das 13 às 17, somente ultrapassando esse horário caso tivesse clientes. Na escola lecionava das 19 às 21:30 horas. Fazia todo itinerário a pé. Nunca quis dirigir. Chegou a ter carro, mas confiava a direção à sobrinha, Janaína. 
          Com o passar do tempo, professor leigo foi se desvalorizando, ou a pessoa ia estudar, fazer uma formação, ou deixasse de lecionar. Sempre participou de cursos para se aprimorar como professora leiga, mas mesmo assim precisava de algo mais, um curso de segundo grau, como a Escola Normal, que passou a ser uma exigência. Como só tinha o quinto ano primário, foi cursar o madureza do primeiro grau, que à época tinha que assistir as aulas no rádio e prestava provas em Natal. Depois surgiu o Projeto Saci, que consistia em estudar pela televisão: “A gente assistia as aulas à noite pela televisão, recebia as apostilas, no colégio Kennedy, era tipo o TV Escola de hoje, com atores dando as aulas”, explica.
           Fez os exames, foi aprovada, partiu para fazer o Unificado, à noite, que correspondia ao primeiro ano do segundo grau. Dai se demitiu do comércio e foi estudar na Escola Normal de Mossoró. Concluindo, prestou vestibular e foi aprovada para cursar Pedagogia, sempre aumentando o nível  escolar e sendo promovida. À época, já  estava trabalhando como funcionária do Estado.
           Estelina foi aluna de notas altas, sem colar, sempre estava fazendo cursos para melhoria do ensino, gosta de lecionar, de inovações, criatividade, não gostava de professor parado, apesar de ser uma profissão muito desvalorizada.
           Quanto a casamento, não nasceu para o casamento, nunca deu certo os pretendentes:”Arrimo de família, sempre fui apegada a minha mãe, tudo que ganhava era para botar dentro de casa. Tinha vontade de ser freira, mas não tive coragem de deixar mamãe. Hoje sei que não tinha vocação”, desabafou.
           Estelina sempre passeou. Viajou por Natal, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. Nunca gostou de dançar. Ia bastante a cinema, frequentava as festas da ACDP, levada pela tia Adelzira, Chico Cabral e Ninita. “Sempre me tiveram como uma pessoa correta, pura, que faz tudo certo. Talvez isso tenha me atrapalhado um pouco. Acho que sou pouco perfeccionista, mas dizem que sou muito exigente”, reconhece.
          Católica praticante, sempre participou de movimentos da igreja, como catequismo, círculo bíblico e hoje pertence ao apostolado da oração. Visitava presídio e hospitais, individualmente.   
          Também lecionou na Escola Antônio Fagundes, Centro Educacional Jerônimo Rosado. Aposentada pelo município, continuou   lecionando Metodologia da Matemática, no Jerônimo Rosado, 2o. grau, substituindo a Escola Normal, quando extinta. Não tem filhos. Cuidou da mãe até seu falecimento. Mora sozinha na mesma casa, à Rua Silva Jardim. 
              
     
          N. OSMINA ALVES DE SOUSA FRANCO, mais conhecida como Mina, nasceu na Fazenda São Pedro, no Riacho Grande, em 8 de julho de 1941. Estudou na Escola 30 de Setembro, tendo concluído o ginásio. Professora aposentada do Estado e da Prefeitura de Mossoró. Mina casou-se aos dezoito anos de idade, fugida, para a casa dos pais do futuro marido, Francisco Franco Sobrinho, o Chiquinho, no Jucuri, zona rural de Mossoró. Chiquinho era natural do Jucuri, caminhoneiro, viajava sempre para a Região Sudeste. O casal estava desquitado desde 1982, quando Chiquinho faleceu em 2001, em Feira de Santana, na Bahia, acometido da doença de Chagas.
          O casal teve cinco filhos:

          B. Leda Marise de Sousa Franco, nasceu em Mossoró, em 30 de abril de 1961. É formada em Administração de Empresas, funcionária do IFRN – Instituto Federal do Rio Grande do Norte, em Mossoró, foi casada com o pernambucano de Olinda, Edirton Moura Santos, filho de Airton Santos e Lia Moura Santos, naturais de Pernambuco.

          B. Marileide da Conceição de Sousa Franco, nasceu em Mossoró, em 30 de julho de 1962; graduada em Serviço Social, foi casada com José Carlos dos Santos, natural de Aracaju, filho de ............................................................ e Iraci dos Santos.................................................................... O casal se separou em 1991. São pais de:

            T. Allisson Halley Franco Santos, nasceu em Mossoró, em 12 de março de 1986, estudante secundarista, morou com o pai em Fortaleza; sendo que atualmente mora com a avó e a mãe. Em 2004 vai se alistar para entrar na Aeronáutica. Adora jogar bola, se dá bem com física e química. Gosta de som, rock. Ajudava em ensaios de uma banda de pagode que seus amigos tocavam. Adora também passear na moto Honda biz de sua mãe pelas noites de Mossoró.
 
           T. Alanna Raíssa Franco Santos, nasceu em Mossoró, em 6 de setembro de 1989. Sempre morou com a avó, Osmina. Gosta de língua portuguesa, pensa em fazer faculdade de cinema. Gosta de ler livros de ficção e já fica imaginando as cenas na tela de cinema. Não sabe se quer ser atriz pelo fato de ser tímida, e não teria coragem de encarar as câmeras, más um dia essa timidez passará... diz ela confiante em seu talento. Gosta muito de dançar, e é fanática pela dupla Sandy e Junior. Adora pop e agora está aprendendo com o irmão a gostar de rock. Adora tirar fotos e “guardar para servir de lembrança dos seus velhos tempos”. diz...  

           Marileide em 2004 teve um filho de Edinaldo Dantas da Silva, natural de Mossoró:
          T. Luis Eduardo     


          B. Vilaine Maria de Sousa Franco, nasceu em Mossoró, em 24 de novembro de 1963. Solteira, assistente social, trabalhou na Casa de Saúde São Camilo de Léllis e no Fórum Municipal, como juíza de paz, que lhe permitia celebrar casamento no civil.

          B. Emanuel Nilson de Sousa Franco, nasceu em Mossoró em 16 de fevereiro de 1966;

         B. Kaline Janaína de Sousa Franco, nasceu em Mossoró, em 9 de fevereiro de 1978; Tem o segundo grau, trabalha como comerciária desde os dezesseis anos de idade. Foi praticamente criada pela avó, Maria Cabral e a tia Estelina; casada, mora na Itália. 


N.  PEDRO ALVES DA SILVA, mais conhecido na família por Segundo. Metalúrgico aposentado, reside em São Bernardo do Campo, São Paulo. Como o irmão mais velho, Canindeh,  Segundo não quis saber de estudo. É casado com Miriam Nunes Paiva da Silva,  natural de  ....................., filha de ....................... e ..............................

O casal tem dois filhos:

B.   Karina Paiva da Silva, natural de São Paulo, capital, formada em ..............................., casou-se em 02 de março de 2002, na Sede Social Josho, templo budista, no bairro Liberdade, na capital paulista, com Marcelo Tamiko Sayama Fugimoto, formado em Filosofia e Direito, natural de São Bernado do Campo, funcionário da Justiça do Trabalho, na capital paulista; filho de Hideo Fugimoto, já falecido, e Maria Tamiko Sayama Fugimoto. No casamento de Karina, da parte Cabral marcou presença as primas, Lúcia e Stella Maris. No convite de casamento uma frase de Luis de Camões: “Mas como causar pode o seu favor nos mortais corações conformidade, sendo a si tão contrário o mesmo amor?”. Karina e Marcelos são divorciados e não
tiveram filhos.     


                B. Kleber Paiva da Silva, natural de ....................... graduado em Arquitetura, pela Universidade São Marcos, em São Paulo. Seu nome é uma homenagem ao primo Kléber, de quem seu pai era amigo na infância.  



























Maria Cabral no início dos anos 2000



Foto de Maria Cabral no Memorial da Resistência
                                           

Nenhum comentário:

Postar um comentário