segunda-feira, 14 de julho de 2014

ANTÔNIA NERI CABRAL








                                                                                 
Antônia







                                 Antônia Neri Cabral


                                            “A vida é um livro.                                          Cada dia é vista uma página”,
                                                            Aldiva Monte



            Antônia Neri Cabral nasceu em Mundo Novo - atual Doutor Severiano - à época zona rural de São Miguel, no dia 15 de abril de 1887. Na certidão de registro dos seus filhos, consta como avós maternos, ou seja, como pais de Antônia: Antônio Alves e Benvinda Maria da Conceição.
            Observe o leitor, que Maria da Conceição está na certidão de nascimento dos herdeiros do casal, tanto como avó materna quanto como paterna. Inalda recorda ter ouvido que a sua avó materna seria Laura Jácome de Lima.
         Antônia ficou órfã de mãe aos seis anos de idade. Conta-se que sua mãe atravessava uma água, num riacho ou açude e foi saindo sangue do seu corpo, causando-lhe hemorragia.     
         Fomos buscar a origem de Antônia, em sua terra natal, Doutor Severiano, em julho de 2007, em companhia da sua filha caçula, Inalda.
         Da visita a terra natal de Antônia, em busca de suas origens, um historiador local contou que a mãe de Antônia teve um relacionamento com um padre, que era o pai de alguns irmãos de Antônia. O pai de Antônia era piauiense, fazendeiro e comerciante de gado, radicado na cidade de Floriano. Por sinal, um irmão de Antônia, João Luis, visitou-a na década de 1940 e levou Inalda para férias em sua casa, em Floriano. 
         Quando o padre faleceu, deixou terras para a mãe de Antônia. Ela doou parte dessas terras para a Diocese de Pau dos Ferros, que construiu a igreja de Doutor Severiano. O restante das terras foi dividido entre os filhos que ficaram em Doutor Severiano.
         José Duda, sobrinho de Antônia, que residia em Mossoró, retornou para Doutor Severiano, herdou alguns lotes e construiu casas para locação. Era uma pessoa agradável, que gostava de conhecer os parentes. “Onde sei que tenho um parente, vou lá, nem que tenha que andar léguas a pé”, disse.  
         Antônia não conheceu seu pai e foi criada por uma irmã mais velha, Francisca, conhecida como Biloca, que não era boa do juízo.
         Os filhos de Antônia contam que a mesma sofreu nas mãos dessa irmã. Dizia que tudo que fazia, a irmã desmanchava. Carregava cerca de dez latas de água, por dia, na cabeça, para encher potes. Então, a irmã a mandava secar e encher novamente para não vê-la desocupada. Antônia cumpria suas tarefas sem  reclamar. Era o tipo de mulher calada, de aceitar parcimônicamente tudo que a mandavam fazer.    
       Antonia se distinguia da família por saber ler e escrever. Quando falava sobre seu passado, este era sempre ligado ao trabalho. Fiava algodão para fazer rede e linha de crochê.    
         Nunca viu o mar, jamais saiu de Mossoró, a não ser para pagar promessa na cidade de Canindé, no Ceará. 
         Antonia tinha como irmãos: Mariana, Hermínio, Francisca, a Biloca; Chicuta e Mafalda, sendo que a última foi a única que morou em Mossoró. A segunda geração da família Cabral só conheceu a tia-avó, Mafalda. Mariana era a mais velha, Antonia, a caçula e casou-se já depois dos quarenta anos de idade.         
          Mafalda Gomes de Oliveira, tem netos morando em Mossoró. Marilene, por exemplo, além da tia Antonia, conheceu a tia Mariana. Quando Mafalda resolveu morar em Mossoró, o fez para ficar mais próxima de Antonia, irmã com quem mais se afinava. Morou em Pau dos Ferros, Marcelino Vieira, de onde foi para o Ceará, mais precisamente, na cidade de Jaguaribe. Porém, numa cheia, o açude de Orós arrombou e inundou a cidade. Perdeu, juntamente com os filhos, três casas. Mafalda passou a residir por pouco tempo em Ereré, depois retornou a Pau dos Ferros, de onde partiu para Mossoró, em definitivo.
          Mafalda foi casada com Zacarias, natural de Doutor Severiano e ficou viúva ainda jovem, consequentemente teve uma vida sofrida. Para sobreviver costurava para fora. Era uma mulher asseada, como Antonia, tinha a pele bem clara, porém era um mulherão, bem alta. Era uma pessoa bondosa e disposta a ajudar quem necessitasse de seus préstimos. Gostava de cumprir tarefas de favor, como por exemplo, quando alguém falecia, ela arrumava a mortalha. “Uma vez, vovó foi arrumar um defunto que ainda estava mole e quando o levantou para vestir a mortalha, o braço veio em direção ao rosto dela e foi o maior susto, Pedro não gostou nada daquilo”, lembra a neta Marilene.
            Mafalda era benquista no meio da família Diógenes. Quando um deles precisava viajar com a esposa, Mafalda ficava responsável pela casa e pelos filhos do casal.       
            Mudou-se para Mossoró, em 1970, com a filha, Adalgisa, solteira, e criou dois netos: Marilene e Pedro. Antes da mudança, Mafalda passava temporadas na casa de Antonia. E, consequentemente, Antonia passava temporadas na casa de Mafalda em Pau dos Ferros, nas décadas de 1940 e 1950. Marilene, neta de Mafalda, lembra desse período, quando Antonia viajava na companhia da neta, Zilene, ainda criança. Zilene lembra que conheceu alguns primos que residiam em Pau dos Ferros. Recorda que numa dessas viagens viu pela primeira vez, urubus recém-nascidos e que estes eram brancos, para sua surpresa.      
          Já instalada em Mossoró, no bairro Doze Anos, aos poucos os filhos e netos de Mafalda migraram para perto da mãe e avó. Todos os seus filhos são falecidos: Francisco, o Chichico, fazendeiro; Agripino, foi agricultor em Goiás; Pedro, faleceu em Jaguaribe. Em Mossoró vieram: Adalgisa, Antonio, Juarez, Emilia, que deixou filhos: Fátima, José Eudes e Francisco, este último reside em São Paulo; Celsina, mãe de Serly, que herdou da avó o dom de costurar e tem ateliê com grande clientela no bairro Nova Betânia, em Mossoró; Marilene, Lucinha, Candeias, Maria de Fátima, Antonio Carlos, Raimundo e Gilvan.
         Mafalda faleceu em 1976, com mais de oitenta anos de idade, lúcida. “Tia Mafalda era uma mulher alta, uma pessoa generosa e amiga, só andava bem arrumada e cheirosa. Gostava de conversar, era feliz e passava para nós a alegria de viver. Bem branquinha, só andava de vestido ou saia longa e blusa de manga longa”, lembra a sobrinha-neta, Ceição. 
         Sobre a paternidade de Mafalda, Marilene conta que sempre souberam que o pai de Mafalda era um padre e que Celsina não gostava quando tocavam nesse assunto. Inalda lembra que Louro Gato - marido de Regina - sempre falava que Mafalda era filha de um padre.                    
          Inalda lembra que a tia, Chicuta, casada com uma pessoa da família Abrantes, morava em Souza, na Paraíba, era mãe de Alzira que, solteira, foi embora para Recife e ninguém tem notícias dela. Chicuta foi mãe de Judite, casada com Antonio Joaquim,  morto por um delegado de Doutor Severiano. Alfredo e José eram filhos do casal. Chicuta tem como neta Maria Eunice, advogada em Natal, desquitada de um oficial da aeronáutica.  
          Antonia tinha um sobrinho que morava em Orós. Antonia e Guiomar estiveram em Souza, visitando Chicuta, que criou dez netas, todas filhas de uma de suas filhas.
          Mariana só teve um filho, parecia Chico Cabral, o primogênito de Pedro e Antonia, alto e bonito, segundo Inalda. Francisco Neri, Chico Neri, que faleceu, deixando viúva Maria dos Remédios e dois filhos, Francisco Néri de Oliveira – Doutor Neri - e Alberone Neri. Há muitos anos Chico Neri procurou Inalda e pediu para levá-lo até a Fazenda São João, aonde foi atendido pelo então governador Tarcísio Maia. Chico Neri é advogado e foi prefeito de Doutor Severiano em dois mandatos. O irmão Alberone é atual prefeito de Encanto, cidade localizada entre Pau dos Ferros e Doutor Severiano. 
          Conta-se que Eliseu, sobrinho de Antonia, filho de Biloca, morava em Doutor Severiano, deixou ouro enterrado na porta da frente da sua casa. Uma sobrinha encontrou e levou todo o ouro para Fortaleza.
           Hermínio havia ido jovem para a Amazônia e trouxe bastante dinheiro. No retorno, casou-se com uma sobrinha, Otília, filha de Biloca.  O casal teve duas filhas que nasceram com problemas de surdez. Teve também José Duda, o Zé Duda - casado com Maria Dari, irmã da mãe de Arnaldo Viana, que foi casado com Filomena, filha de Inalda.  
          XXXX
pai de José Neri – que vem a ser pai de Kzam Nery, cantor paraense que fez sucesso nos anos de 1990, cantando lambada e, após conversão na igreja evangélica, passou a cantar música gospel, morou na Europa e reside atualmente em Balneário Camburiú, Santa Catarina.  
            Idalina Neta de Lima Viana, a Netinha, morou na década de 1970 na casa de Antonia, casou-se depois com Arimatéia Viana, irmão de Arnaldo. Netinha foi vereadora e presidente da Câmara Municipal de Doutor Severiano. Atualmente reside com a família em Macapá.      
          Chico Duda é casado com Soledade.
Outra irmã de Antonia, morava em Natal, alguns de seus netos casaram-se entre si.   
         Em Doutor Severiano ainda mora Zé Duda, sobrinho de Antonia. Coincidentemente, Zé Duda é casado com Maria, irmã da sogra de Filomena, dona Dária. Zé Duda residiu durante muitos anos em Mossoró e, estava de retorno à sua terra.

 




                         DOUTOR SEVERIANO





            À época em que Antonia nasceu, Doutor Severiano pertencia ao município de São Miguel. Doutor Severiano está localizado numa região serrana, entre as cidades de Encanto e São Miguel, distante 180 quilômetros de Mossoró e 426 quilômetros da capital, Natal.
          Doutor Severiano é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Norte, localizado na microrregião da Serra de São Miguel.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano 2003 sua população era estimada em 6.584 habitantes. Em 2006 já chega a 6.630 habitante...

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Doutor Severiano está localizada na microrregião da Serra de São Miguel, no alto oeste do estado do Rio Grande do Norte, na altitude de 370 metros, acima do nível do mar, numa área territorial de 108 km². 
          De acordo com o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - em 2006, sua população era estimada em pouco mais de seis mil habitantes. Em meados do século XVIII, surgiram os primeiros sinais de povoação numa localidade denominada Mundo Novo.   
        Pela Lei nº 2.784, sancionada pelo então governador do estado, Aluízio Alves, Mundo Novo desmembrou-se de São Miguel no dia 10 de maio de 1962, tornando-se município e passou a chamar-se Doutor Severiano em homenagem a Francisco Severiano de Figueiredo Sobrinho, um caicoense que batalhou pelo desenvolvimento da região. Na vida pública, Doutor Severiano atuou como juiz municipal de São Miguel, foi deputado constituinte de 1935 e 1948, prefeito e consultor jurídico da prefeitura de São Miguel.
          A região que vivia da agricultura teve desenvolvimento lento. Gradativamente, surgiram sinais de crescimento no pequeno povoado, segundo o historiador Anfilóquio Câmara, até que formasse realmente um povoado. Mesmo de maneira gradual, Mundo Novo, na época, apresentava razoável movimento econômico e social, resultado das atividades agrícolas alí desenvolvidas.
         Sua principal atividade econômica é a agricultura. Destaca-se, principalmente, a produção de feijão, milho, arroz, algodão, batata-doce e mandioca.
          A pecuária, embora com menos potencial que a agricultura, aparece também como importante fonte de renda no município, aí se destacando a criação de bovinos, caprinos e suínos.
Outras atividades de destaque são a fruticultura, em especial, o cultivo de laranja, manga e banana, e a apicultura com a produção de mel de abelha.
          Destaca-se também a produção de farinha de mandioca, doces, rapadura e mel de cana-de-acúcar. Também ver-se a prática da olaria, com a produção de telhas e tijolos.
          Na indústria destaca-se a fabricação de roupas. No setor terciário aparece o comércio de alimentos no varejo, além de roupas, calçados e eletroeletrônicos.
           No setor de eventos, destaca-se as festividades em comemoração à emancipação política que ocorrem no mês de maio. Festa religiosa tem o ponto alto em dezembro, quando comemora-se as festividades de sua padroeira, Santa Luzia, a mesma de Mossoró. 
Comemora-se também o carnaval e o São João.      
            Essas informações sobre a cidade de Doutor Severiano, foram extraídas da internet, especialmente produzidas por Rogério Maciel, em julho de 2007.
           A colunista Soraya Vieira, que mantinha coluna diária sobre a região oeste, na Gazeta do Oeste, de Mossoró, divulgou que em novembro de 2008, a cidade de Doutor Severiano foi destaque na Bolívia. O prefeito Francisco Néri de Oliveira, havia sido convidado pelo governo boliviano, com o propósito de expor as experiências bem-sucedidas de sua administração em Doutor Severiano, na área da infância e da adolescência na Expo-Feira Municipal da Bolívia. “Doutor Néri participou do evento, na cidade de Cochabamba, cujo objetivo é compartilhar as experiências exitosas de gestão municipal com o Selo Unicef. As políticas públicas adotadas por Doutor Néri esteve presente, todos os custos do convidado foram de responsabilidade do governo boliviano”, registrou Soraya.
           O prefeito de Doutor Severiano de 2004 a 2012 foi Francisco Neri de Oliveira, do PSB, o Doutor Neri. Advogado, neto de Mariana, irmã de Antonia. Doutor Neri tem um irmão, Alberone Neri Oliveira, prefeito de Encanto, eleito em 2008 e já encerrando o segundo mandato.



Antônia com as filhas Chiquinha e Guiomar, 1942 

                                                                               
Guiomar, Ana, Chiquinha, Inalda e Antônia, com a neta, Maria do Rosário,, 1942



Antônia com a neta, Zilda Maria, Ramalho e a bisneta, Stella Maris



Antônia Neri Cabral








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