segunda-feira, 14 de julho de 2014

MOSSORÓ

                                                                     



Casa de Pedro e Antônia, em Mossoró. Rua Frei Miguelinho com Rui Barbosa 


      No final dos anos 1940, Pedro Cabral adquiriu um terreno no centro de Mossoró, junto a linha do trem da REFESA, aonde construiria três casas, uma para ele e Antônia e as outras duas viria a alugar a parentes, filhas e um neto.
     O terreno localiza-se na Rua Frei Miguelinho, fazendo esquina do lado direito com a Rua Rui Barbosa e à direita, com a Avenida Rio Branco, atualmente, ao lado do Memorial da Resistência, no Corredor Cultural de Mossoró. À época, era uma praça. A linha do trem ficava entre as casas e a praça.  
       Do lado oposto, havia os fundos da Capela de São Vicente e, à direita dela, a residência de Chico Cabral. No cruzamento da Frei Miguelinho com a Rui Barbosa, era a sede da Alfredo Fernandes & Cia, aonde trabalhava Chico e Cirilo, que já faziam parte da diretoria. Eram homens bem sucedidos.
        Pedro contratou uma dupla de pedreiros, Paulino e Ledimar, este um garoto ainda. Não se sabe exatamente o ano, mas presume-se que Pedro ainda morava no Riacho Grande quando construiu a primeira casa, que ele viria ocupar, que é a da esquina com a Rui Barbosa. Ali, Pedro acompanhava a construção. Ledimar, ajudante de pedreiro, em entrevista para este blog, lembra bem que a casa foi construída seguindo as orientações de Pedro e Guiomar, porém, ela nem sempre concordava com as divisões dos cômodos que o pai queria. “Mas seu Pedro mudava de opinião com as observações de Dona Guiomar, de uma forma bastante educada, nunca discutiram, ela sempre tinha razão”, lembra Ledimar.
         A casa tinha três quartos, uma sala de estar, sala de jantar e cozinha, com pequeno quintal acimentado e mais um quarto nos fundos. 
         Para a Rua Frei Miguelinho, havia duas janelas. A porta da frente ficou virada para a Rui Barbosa, mais duas janelas e um portão que dava acesso ao quintal e ao quartinho dos fundos. Esse quartinho foi usado por Edmundo, quando ele era adolescente e veio estudar em Mossoró, os pais ficaram em Pau dos Ferros. O fogão era à lenha, não havia geladeira, foi montado um moinho no quintal para moer milho para cuscuz. Também havia um grande pilão de madeira, para pilar a carne de sol.    
         Pedro e Antônia mudaram para a casa e levaram as filhas solteiras: Véscia, Chiquinha e Guiomar. Odílio ficou no Riacho Grande, aonde construiu uma casa. Tempos depois veio morar no bairro Doze Anos.
         Em 1961, quando Inalda separou de Pielson, grávida, passou uma temporada no quarto dos fundos, junto com os sete filhos e a babá, Antônia Alves de Sousa, Toinha.  
         Vizinho à casa aonde estava morando, Pedro construiu o que viria a ficar conhecida pela família como a ‘casa do meio’. Casa pequena, com sala, dois quartos e um corredor lateral que dava para a cozinha e quintal acimentado com banheiro. Nessa casa, em meados de 1951, morou Adelzira e Juca Freire vieram de Patu, com os filhos mais velhos: Zilda, Zilene, Gizélia e José Hélio, todos nascidos em Upanema. Nesta casa, nasceu uma menina que viveu por algumas horas. Zilda tem lembrança dessa casa vizinho a do avô, porque foi ali que sua mãe deu a luz a Geíza, que faleceu de coqueluche. “Tenho a lembrança do corpo dela na mesa”, disse Zilda.
         No final de 1961, essa casa foi alugada a Inalda, com os oito filhos, mais Toinha. Do lado direito da ‘casa do meio’, Pedro construiu a casa que faz esquina com a Avenida Rio Branco e que, nos anos 1980, abrigou a Escola de Datilografia São Lázaro, bem ao lado do Memorial da Resistência. Nesta casa, Inalda morou um tempo com Pielson. Sabe-se que Lúcia nasceu na maternidade, enquanto moravam nesta casa.
         Ainda nos anos 1960, o neto Canindeh Alves e Ivanilda Linhares, moraram alguns anos.
         Pedro e Chico venderam parte de terras no Riacho Grande e Pedro adquiriu um terreno enorme no bairro Aeroporto, aonde montou um quintal e para lá ia diariamente a pé, saindo de madrugada e atravessando toda a Rua Frei Miguelinho. Pelo caminho cruzava com filhos e netos, muitos já morando no bairro Doze Anos, além de Regina que, saindo do Riacho Grande, foi morar em casa própria na Rua Felipe Camarão, pertinho do aeroporto.   
          O filho adotivo, Luis Gonzaga casou e foi morar em casa no mesmo bairro, junto as terras de Pedro e, diariamente lhe fazia companhia e ajudava na criação de caprinos e ovinos. Luis contou a Lúcia que os dois almoçavam embaixo de um pé de juazeiro e deitavam um pouco. Esse juazeiro ainda resiste ao tempo, está localizado junto a antiga Central do Cidadão, aonde por longos anos funcionou o Detran.







                                                                         
No Colégio Sagrado Coração de Maria, Guiomar, uma moça não identificada e Inalda, por volta de 1940.  










                                                                               




                                                                         
Ana e Guiomar











                                                                       
A casa que foi de Pedro e Antônia sendo demolida para erguer um edifício, em 2013.

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