segunda-feira, 14 de julho de 2014

RIACHO GRANDE

       
Em foto de 1946, Chico, Pedro e Odílio, Fazenda São Pedro, no Riacho Grande. Foto de Cirilo Cabral.


        A mudança de Pau dos Ferros para Mossoró, mais precisamente para o Riacho Grande, aconteceu no final de 1934.   
      O Riacho Grande fica na zona rural de Mossoró, à margem da rodovia RN 015, entre Mossoró e Baraúna. Atualmente está construído o Complexo Penitenciário Mário Negócio, que abriga diversos presídios.

        Foi exatamente para esse lugar que Pedro e Antônia levaram os filhos, com exceção de Chico,  Cirilo e Eliseu, que já moravam em Mossoró. 
        Assim, as terras adquiridas de Pedro em sociedade com o filho Chico, passaram a se chamar Fazenda São Pedro, aonde Pedro trouxe o gado de Pau dos Ferros, tangidos pelo filho Odílio e vaqueiros de Pedro, no final de 1934. 
       Os filhos: Maria, José, Júlia e Regina não vieram com os pais para Mossoró porque já estavam casados e permaneceram em Pau dos Ferros. Tempos depois, migraram, com exceção de José, o único filho a permanecer na terra natal.
       Maria e Regina vieram morar no Riacho Grande, eram casadas com agricultores. Júlia quando veio, passou a residir no bairro Doze Anos, pois o marido era barbeiro e montou barbearia e mercearia no mesmo bairro. 
       Em 1935, Adelzira, Guiomar e Inalda passaram a morar em Mossoró, para dar prosseguimento nos estudos, e Chiquinha, que veio para cuidar da casa de Chico Cabral, enquanto as irmãs estudavam, ficando no Riacho Grande: Véscia, Ana e Odílio.
        Vizinho as terras de Pedro e Chico, já havia a Fazenda São João, pertencente a um senhor já idoso, João, proprietário de muitos hectares de terras que adoeceu e teve que se desfazer da fazenda para pagar o tratamento de saúde. O médico pediatra Tarcísio de Vasconcelos Maia,  nascido em 1916, adquiriu essas terras do senhor João, incluindo a Fazenda São João. Sabe-se que próximo do antigo casarão da fazenda, ainda há um poço datado de 1932, com as iniciais da Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca, órgão ligado ao Ministério da Viação e Obras Públicas, mas que em 1936, passou a ser denominado DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra Secas.     




       No Riacho Grande, as tarefas eram divididas: Véscia ajudava a mãe nas tarefas de casa, arrumar, cozinhar, lavar e passar roupa. Ana cuidava da mercearia que Pedro montou para atender seus colaboradores, vaqueiros e agricultores, bem como da região. E Odílio fazia de tudo na fazenda, cuidava de gado, plantio e colheita. Mas o que gostava mesmo era do gado e de cavalos.
       Pedro montou um local para a corrida de gado, o que seria um parque de vaquejada, que segundo Odílio, não havia cercas delimitando o espaço ou o corredor por onde o vaqueiro corria com o boi, era tudo solto. Pedro gostava de ver vaquejada e de correr também. Antônia ficava estressada e comentava: "Onde já se viu, um velho correr atrás de gado".
       O deslocamento do Riacho Grande para Mossoró era de cavalo, jumento ou carro de bois. Nesse tempo, o trajeto Mossoró para Fortaleza era feito pela mesma estrada.     
       Antigamente, o trajeto entre Mossoró e Riacho Grande era de duas horas a cavalo ou jumento.



                                               
Em 1947, um padre Franciscano, Pedro, Chico e Odílio. As crianças não foram identificadas. Foto de Cirilo Cabral.



       Porque quando eu era novo, a gente vinha de Pau dos Ferros, mamãe sempre dizia: ‘Vamos visitar papai’. Quando vinhamos a Mossoró, obrigatoriamente íamos ao Riacho Grande. A casa da fazenda era azul, ela foi demolida. Havia umas quatro ou cinco casas, que era dos moradores e dos agregados. Lembro que quem morava lá também era Louro Gato, Manoel Alves. Lembro muito, tio Chico. Quando eu era criança e ainda morávamos em Pau dos Ferros, quando víamos para Mossoró, a gente ficava na casa dele. Nesse tempo Padrinho Pedro e Madrinha Toinha ainda não tinham casa na cidade. E sempre tio Chico nos chamava para irmos à fazenda. Então, ele passava por mim e perguntava: “Quer ir, lá na fazenda?”. Ora, eu doido para andar de táxi. Um Ford, carrão, o motorista era Zé de Mariquinha. Tio Chico era muito bom. Fazia umas vaquejadas na fazenda. A vaquejada daquele tempo, não é como essa de hoje, não! Com o boi solto correndo no corredor. Naquele tempo, soltavam o boi no pátio. Enorme. Quem fosse vaqueiro, pegasse. Tinha cerca muito longe, mas o espaço para o boi correr e se defender, era grande demais. Isso mais ou menos, final da década de 30 para a de 40. Eu era menino. Quando a gente não ia na fazenda com tio Chico, ia de carroça ou carro de boi. Às vezes numa carroçona grande, de tio Louro. Nesse tempo, toda vez que a gente vinha a Mossoró, tio Cirilo chamava mamãe e dizia: “Leve o menino no dentista”. Ia dar uma revisada. Era com um dentista formado. Tio Eliseu me dava ar roupa, sapato, material escolar. Nesse tempo, ele já era do Banco do Brasil.   





                                                 
Guiomar no Riacho Grande


                                                

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